As mazelas do mundo

Ando e corro, vivo por aí. A procura às vezes do nada e nada se aproxima de mim. Horizontes, terra firme sei lá. O negócio é viver e até certo ponto pensar pouco. Sonhar, sonhar, mas quem sabe o sonho possível. Morrer nem sempre é a solução fácil, talvez viver seja a solução difícil. Dizer sim querendo dizer não. Tentar, criar, coisas longe da razão e mais próximo do coração. Cantar, talvez ouvir cantar. Nem sempre está ao alcance da mão aquilo que se quer no momento. Distante, muito distante, mesmo assim espera-se chegar a alguma coisa útil, mais prazerosa, pouco vulgar. Muita poesia, pouco dinheiro. O que fazer diante desse turbilhão? Pessoas, bichos e televisão. Tanta coisa nenhuma emoção. Análise conversa nada prático, tudo igual. Única esperança é a vida e essa consumida pela luta diária, pelo pessimismo, angústia, depressão e ansiedade. Caminhar, jamais olhar para trás, não assistir ninguém prometendo nada. E se há promessa acredite com certa reserva. Mergulhar no inconsciente, talvez para sofrer outra vez e às vezes curar o que ficou para depois. Oceano, correntezas, infinito.

Tudo assim, tudo enfim, tão desigual. Crianças nas ruas, escolas distantes, quase sempre sem elas. Professores ilhados, salários minguados, ensinamentos prejudicados. Quadro, giz, tanta gente infeliz, tudo por um triz. Rima sim, rima não, pobre, rica, vulgar, preciosa e daí? É a minha interrogação. Há preocupação em tudo, o que fazer se é certo ou errado, o que a sociedade vai pensar; o que meu amigo vai achar. Será pecado ou tudo é permitido nesse universo perdido ou achado pela ótica de cada um? Viver intensamente é errado? Quem terá esse poder de julgar sem cometer o sacrilégio de ser julgado? Vida, viva, ativa, seja de que jeito for, mas viva com pouco dinheiro ou muito, seja pobre ou rico, de avião ou trem, ou quem sabe de ônibus, porém viva, enquanto pode.

texto : Athanazio Lameira.

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