Os meus oitenta e poucos anos

Se você não sabe eu já passei dos oitenta anos. Muita gente diz que não pareço à idade que tenho. Apesar de minha idade, me sinto bem e quero viver ainda um bom tempo. Não sinto dores pelo corpo, ou quaisquer outras doenças, comum a essa idade, pelo menos é a “queixa” que ouço nas filas de banco e outros lugares públicos que freqüento. Se você não sabe, eu tive duas filhas, que me deram quatro netos e fui casada há mais de cinqüenta anos, com Aurélio Moreira Carpes, uma pessoa muito especial, que partiu um dia deste indo morar nas “nuvens” e que me observa a todo instante. Sou uma pessoa alegre e muito feliz. Para mim os dias são maravilhosos. Já pintei quadros, com minhas amigas no SESC., já toquei violão. Criei galinha, porcos, colhi frutas no pé, aqui mesmo em minha casa, que chamo carinhosamente de lar. Vou à missa todos os domingos, com minha amiga Marta, aquela vizinha de porta, das mais queridas. Não tenho preguiça, faço os afazeres de casa e arrumo tempo para o crochê e tricô, artes que aprendi com minha saudosa mãe. Quando estou em casa e estou sem nada para fazer, pego um escada, um pano, um balde e depois de enchê-lo de água, com bastante “kiboa” passo a lavar o forro e se for preciso às paredes. Depois admiro com satisfação aquilo tudo bem limpinho. Não é uma beleza! Sou de uma família de dezenove irmãos. Meu pai veio da Itália. Constitui família aqui conhecendo minha mãe que era viúva, com filhos pequenos, o qual também tinha filhos do primeiro casamento, cuja esposa tinha falecido. Sou natural de Nova Veneza, mas logo cedo fui morar em Araçatuba, bairro que pertence a Imbituba. E lá se o moço tiver tempo para ouvir minha história, tive contato com a natureza, animais e a vida do campo. Todos nós trabalhávamos muito, mas no final de tarde, minha mãe nos chamava sempre com sorriso no rosto convidando-nos para aqueles deliciosos bolinhos de chuva. Meu pai nos contava histórias, de sua vinda da Itália e suas andanças pelo Brasil. Era um apaixonado pelas viagens. Recordo deste tempo, com certa nostalgia. Sinto-me realizada na vida na certeza que cumpri meu papel de mãe, encaminhando minhas filhas que hoje estão encaminhando meus netos, lindos e maravilhosos, que por certo, escreverão com eu, as suas respectivas histórias.

Palmira Framarin Carpes

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