BIBLIOTECA ( em dueto Sandra Queirós e Athanazio Lameira)

Este livro amarelo que analiso/tem a impressão digital do autor
Repousavam nas estantes de cultura/ a procura de alguém
Quanto tempo perdido foi preciso/ na feitura de uma palavra
Aclara a mesa lúgrude de embúia/a visão metafórica
Trazendo do passado velhos temas/rejuvenescendo agora
Galopando no tempo sem regresso/sapateia o visionário
O tempo arquivo, soberano e mudo/trás rugas sem bisturi
Arquiva a força e a beleza alada/do cavaleiro atroz
Aprende criatura que recusas tudo/ que a morte é voraz
O tempo só faz velho e mais nada/ainda que possa acreditar ao contrário
Da quietude mortal da biblioteca/ guarda a cantiga e o tom na nova era
A sala está sombria e misteriosa/veneno aguardando o gole
Exalam raciocínios ajuizados/ pecado invisível
Alguma coisa estranha a gente vê/sou clarividente
Grossos livros se empilham empoeirados/ esperam o apito do trem
A luz tênue e indiferente/penetra na fresta da porta
Guarda Tesouros sabiamente nos livros finos/ sabedoria muda
Grossos, balofos /amarelados pelo tempo
Chorando luto e lágrimas de mofo/ esperando socorro do leitor.

Um comentário:

  1. Uma biblioteca digna de reverenciar,ler e ficar em silêncio.Não deixando mofar os pensamentos que espalham aromas diversos pelos grandes salões de cultura e arte.Belo e autêntico, estou gostando muito do que estou lendo com a sabedoria de um poeta nato e sensível. Obrigada por achar uma sintonia em palavras, que fazem de minhas poesias, verdadeiros tesouros que serão guardados. Para um dia, quem sabe... Serem lidos num canto qualquer.

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